De novo! BYD e GWM atrasam outra vez início de produção no Brasil

No caso da BYD, a coisa j?caminha para ficar para 2026

Parece texto repetido, mas não é. Em julho esta coluna alertou que tanto a BYD quanto a GWM estavam atrasando seus planos de produção de veículos no Brasil, ao mesmo tempo em que aceleravam o tanto possível a importação de veículos da China.

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Na ocasião a coluna fez uma associação apontando que essas marcas agiam com um carro superesportivo, a toda velocidade, na hora de importar; enquanto isso, na hora de fabricar localmente, a operação andava no ritmo de um Fusca velho, devagar quase parando. Muita gente concordou e muita gente discordou.

BYD JÁ APONTA PARA PRODUÇÃO NACIONAL SÓ EM 2026

BYD Dolphin Plus
BYD Dolphin Mini é um dos modelos que a marca pretende fabricar no Brasil
 Imagem: Divulgação

Agora, novos fatos divulgados pelas próprias marcas neste dezembro confirmam com transparência cristalina essa realidade de ‘superesportivo’ x ‘Fusca velho’. Começando pela BYD, a empresa anunciou no início de dezembro que iniciará, agora, montagem de carros em SKD na futura unidade de Camaçari, na Bahia, apenas “após o carnaval de 2025” (ou seja, a partir de março, na melhor das hipóteses).  No lançamento do Dolphin Mini, no último mês de fevereiro, seu principal executivo brasileiro, Alexandre Baldy, disse que isso aconteceria no último trimestre de 2024.

Bem, vamos lá. O que é montagem em SKD? Simples: são veículos que vêm importados inteiros, soldados e pintados, mas sem que várias das suas peças estejam instaladas (geralmente elas são transportadas junto dos veículos, em seu interior). A diferença parao CKD é que nesse caso todas as peças vêm com o carro, enquanto no SKD alguma coisa é adicionada no local da montagem, mas apenas itens básicos e prontos, como, por exemplo, pneus ou baterias 12V.

Ou seja: o que a BYD fará depois do carnaval, segundo promete, é apenas e literalmente uma montagem de carros importados, não existindo nenhuma etapa industrial propriamente dita no processo. Assim, não é necessária uma fábrica para montar carros em SKD – basta apenas um galpão. 

A própria BYD admite isso, dizendo oficialmente que “a fase 1.1 do projeto [da fábrica de Camaçari] engloba o galpão para a montagem dos carros no sistema SKD”. Pois bem: se fosse para montar carros em SKD, portanto, a BYD não precisaria esperar nada ficar pronto na fábrica da Bahia para fazê-lo. 

Poderia já usar perfeitamente, e há tempos, suas instalações em Campinas, onde produz ônibus elétricos, ou em Manaus, onde produz baterias. Ou outro galpão qualquer em outro lugar. Resumindo, essa montagem em SKD poderia ter começado muito tempo atrás.

E a fabricação efetiva de carros da BYD no Brasil, então, quando começará? No mesmo comunicado a empresa afirmou que “a produção plena dos modelos [em Camaçari] deve começar ainda em 2025”. Chamo atenção para as palavras deve e ainda. 

Se a fabricante está falando em “ainda em 2025”, significa que está mirando lá pro fim do ano. Tomando os atrasos já ocorridos e o modus operandi da empresa visto até agora, parece bastante provável que a coisa vai ficar para 2026. Pode anotar.

GWM SÓ COMEÇOU A PROCURAR FORNECEDORES AGORA

Interior da fábrica da GWM, em Iracemápolis (SP), onde a produção deverá começar apenas no 2º semestre de 2025
Interior da fábrica da GWM, em Iracemápolis (SP), onde a produção deverá começar apenas no 2º semestre de 2025
Imagem: Divulgação

O caso da GWM é ainda mais claro. A montadora chinesa comprou a fábrica de automóveis de luxo da Mercedes-Benz em Iracemápolis, SP, lá em um distante agosto de 2021. E, nesse mês de dezembro, anunciou “início do processo de habilitação de fornecedores para a nacionalização de peças em sua nova fábrica”.

Traduzindo, a própria GWM reconheceu que só começou a correr atrás de fornecedores brasileiros de autopeças mais de três anos depois da compra de uma fábrica prontinha. Quem conhece indústria automotiva sabe como o processo será necessariamente demorado daqui para frente. 

Como anuncia a própria montadora em seu comunicado, ainda faltam várias e várias etapas, como assinatura de contratos de confidencialidade, workshop para identificação de peças para nacionalização, capabilidade técnica (produção e aprovação de peças protótipo) e a fase comercial (negociação de preços). Só então realmente a GWM poderá nomear um fornecedor e firmar com ele um contrato de entrega de peças nacionais. Imagine quanto tempo isso ainda vai levar.

GWM Haval H6 será o primeiro modelo da marca chinesa em Iracemápolis (SP) no primeiro semestre de 2025
GWM Haval H6 será o primeiro modelo da marca chinesa em Iracemápolis (SP), provavelmente, no 2º semestre de 2025
Imagem: Divulgação

Como resultado, mais um adiamento no início da produção nacional. Não custa lembrar que GWM prometeu veículos nacionais saindo de Iracemápolis a partir do primeiro semestre de 2023. Depois, empurrou o prazo para maio de 2024. Mais tarde, jogou para o primeiro semestre de 2025 – só aqui o atraso total já seria de dois anos, injustificado.

Agora, adivinhe? A empresa já falou abertamente em “início do segundo semestre” de 2025 para começar a produção em série, sendo que no primeiro semestre seriam produzidos somente veículos pré-série, “para testar e ajustar os novos equipamentos da linha de montagem e verificar os processos de manufatura e de controle de qualidade”. Sei, sei.

 

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